Estrutura externa
Os nematodas possuem corpo alongado e cilíndrico, exibindo simetria bilateral que representam adaptações importantes para viverem em espaços intersticiais. Sua epiderme secreta uma cutícula, bem desenvolvida e complexa, que reveste todo o corpo. A cutícula tem função de proteção contra a dessecação e variações do ambiente externo, (que pode, inclusive, ser o trato digestivo do organismo hospedeiro), além de reduzir a permeabilidade da parede corporal. Quando um nematoide cresce, ele solta sua cutícula e cresce uma nova através de uma série de quatro mudas durante sua vida útil.
“A cutícula dos nematodos é mais complexa que a maioria dos outros asquelmintos. Ela tem três camadas principais, que contém colágeno (bem como outros compostos) e uma epicutícula. A epicutícula fina, recobre a camada cuticular externa (córtex) externamente. A camada externa é tipicamente anelada e algumas vezes dividida em partes interna e externa. A camada mediana tem diferentemente uma estrutura granular uniforme ou longarinas, bastões esqueléticos, fibrilas ou canais, dependendo da espécie. A camada basal pode ser estriada ou laminada ou contém fibras em um arranjo helicóide cruzado.” (Rupert & Barnes, 1996, p.286).
Parede Corporal
A epiderme é responsável por secretar a cutícula, armazenar nutrientes, ancorar a musculatura à cutícula e, no caso de endoparasitas, é importante para a absorção dos nutrientes do hospedeiro. Pode ser sincicial ou celular, dependendo da espécie e se apresenta espessada em quatro regiões: dorsal, ventral e nas duas laterais do animal. Os espessamentos dorsal e ventral abrigam cordões nervosos longitudinais, enquanto os laterais abrigam os canais excretores e neurônios. Na parte interna da epiderme, há uma espessa camada de músculo longitudinal estriado, que se localizam em quatro quadrantes entre os cordões nervosos. Não há musculatura circular. Os músculos estão conectados aos cordões nervosos dorsal e ventral por extensões únicas chamadas de braços musculares.
O blastoceloma se define como uma ampla cavidade corporal interna, onde por um lado é forrada pela musculatura, e por outro lado, pela parede do intestino, além de circundar os órgãos reprodutivos.
Estrutura interna
Sistema digestório
O sistema digestório dos nematodas, apresenta como novidade evolutiva o fato de ser completo, ou seja, possui boca e ânus. É linear e unidirecional. Ele é dividido em três partes: o estomodeu - boca, faringe e esôfago; o intestino e o proctodeu - reto e ânus. A boca se localiza na extremidade anterior e é rodeada por lábios e diferentes órgãos sensoriais dispostos em padrões radialmente simétricos. Ela se abre em uma cavidade bucal curta e é revestida por uma cutícula, cuja superfície é frequentemente adornada com retalhos labiais, espinhas, dentes e mandíbulas. As estruturas da cavidade bucal dependem do hábito de vida do animal. Podem ocorrer dentes, no caso de espécies carnívoras, por exemplo, podendo ser pequenos e numerosos ou limitados, mas no caso de espécies parasitas de plantas, há a presença de uma estrutura denominada estilete, na qual o animal utiliza para perfuração de células das raízes de plantas e suga seu conteúdo.
A cavidade bucal leva ao interior de uma faringe tubular e musculosa, responsável por esmagar os alimentos e, através de seus músculos, bombear o alimento para o intestino. Na faringe encontram-se glândulas faringeanas, cuja função é liberar enzimas para promover a digestão. O intestino por sua vez é tubular, não apresenta qualquer musculatura e se estende por todo o corpo do animal. O alimento é completamente digerido pelas enzimas, no tubo digestivo. Um reto curto conecta o intestino ao ânus, na superfície ventral do corpo. A digestão começa extracelularmente, mas é completada intracelularmente.
Sistema Excretor
Os nematodas fazem a excreção de resíduos nitrogenados, na forma de íons de amônia, pela parede corporal, por difusão. Não apresentam protonefrídios ou nefrídios, como outros grupos. Têm um sistema secretor-excretor, podendo ser de dois tipos: glandular ou tubular. O tubular é mais comum e é composto basicamente por dois tubos que percorrem o animal, situados nas linhas epidérmicas laterais. Esses canais se conectam subterminalmente, através de um canal transversal, que se abre para o exterior por um canal curto e pelo poro excretor. O sistema secretor- excretor do tipo glandular, está presente principalmente nos nematoides marinhos e de vida livre, e tem função mais voltada a secreção de proteínas.
Sistema Nervoso
No sistema nervoso dos nematoides, o gânglio cerebral é constituído por um anel circunfaringeano e diversos cordões nervosos longitudinais, dos quais os cordões nervosos dorsais e ventrais são os maiores. Uma coroa de nervos sensoriais e motores se estendem para a parte anterior do anel nervoso e serve aos órgãos sensoriais e estruturas da boca. Os nervos ventral, dorsal e laterais estendem-se posteriormente a partir do cérebro e correm pelos cordões longitudinais. O maior desses nervos é o nervo ventral. Os principais órgãos sensoriais dos nematodas são as papilas, as cerdas, os anfídios e os fasmídeos. As papilas, labiais e cefálicas, são projeções da cutícula epidérmica nos lábios e na cabeça, e as cerdas são receptores de tato e quando são estimuladas, fazem o nematoide desviar do estímulo. Anfídios e fasmídios são órgãos sensoriais encontrados unicamente em nematodos. Os anfídios são invaginações cegas da cutícula, em forma de bolsa ou tubulares. Há um anfídio em cada lado da cabeça do verme. Já os fasmídios são glândulas unicelulares que encontram-se na região posterior e se abrem separadamente uma em cada lado da cauda do animal.
Sistema Circulatório e Respiração
“Não existem estruturas especiais de circulação ou de troca gasosa em nemátodos. Como em muitos outros grupos, essas funções são realizadas por difusão e movimento dos fluidos da cavidade do corpo. Alguns nematoides parasitas possuem uma forma de hemoglobina nesses fluidos que presumivelmente transporta e armazena oxigênio. Ambas as vias metabólicas aeróbicas e anaeróbicas são encontradas entre os grupos de nematoides, e muitos desses vermes são capazes de mudar de um mecanismo para outro de acordo com as concentrações de oxigênio no ambiente. A anaerobiose facultativa é certamente significativa em nematoides parasitas e naqueles que vivem em outros ambientes anóxicos.” (Brusca & Brusca, 2002, p.355)
Referências bibliográficas:
Brusca & Brusca, Invertebrates
Ruppert & Barnes, Zoologia dos Invertebrados
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