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Nematoda

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Importância Ecológica dos Nematoda

Foto do escritor: Juliana SouzaJuliana Souza

Atualizado: 23 de abr. de 2019

"Desde o começo dos estudos sobre a ecologia marinha, observou-se a abundância de organismos nematoides na meia fauna e deduziu-se que esses animais fossem, de alguma forma, fundamentais para o funcionamento do ecossistema marinho. Por exemplo, em áreas de 1 m² de sedimento já foram observados grande quantidade de seres desse grupo em diferentes biomas aquáticos, tendo a magnitude de dezenas de milhões de indivíduos em estuários; milhões na zona subtidal rasa e centenas de milhares no mar profundo" (Heip et al.,1982).

Os nematódeos e seu papel ecológico no fluxo energético bentônico

Em diferentes tipos de ambientes podemos observar que as espécies de nematodas também se diferem em relação a tamanho e respiração, demonstrando que sua contribuição se altera dependendo do tipo de substrato em que se encontram. Por exemplo: Em uma área estuarina de Lynher (Cornuália, Inglaterra), os nematódeos apresentam altas abundâncias, como também ocorre em muitos outros estuários. A densidade média dos nematódeos, nessa área, ao longo do ano é 12,5 milhões ind/m² e a biomassa média é de 1,97g peso seco/m². Esses valores indicam que as espécies dessa área são pequenas, com uma biomassa individual média de somente 0,16 μg. Sua respiração equivale a 11,2 g C metabolizado por ano, ou seja, representa metade do valor encontrado para a macrofauna total dessa mesma área, que é de 21,6 g C metabolizado por ano. (Warwick & Price (1979) Em uma área próxima à costa belga no Mar do Norte, denominada Southern Bight, a abundância média de nematódeos é de 1,65 milhões ind./m² e a biomassa média de 0,99 g peso seco/m². Embora a abundância seja bem menor do que no exemplo anterior, a biomassa não, já que as espécies são maiores, com uma biomassa individual média de 0,60 μg. A respiração foi estimada em cerca de 7 g C por m²/ano. A macrofauna dessa área metaboliza somente 3,4 g C/m². Assim, os nematódeos sozinhos respiram o equivalente a duas vezes o total de toda a macrofauna. (Heip et al. (1979)) A partir desses estudos percebemos que uma porção significativa do fluxo energético do sistema bentônico, passa através dos nematódeos.


Mapa do Estuário de Lynher, na Cornuália. Disponível em <https://en.wikipedia.org/wiki/File:Cornwall_UK_location_map.svg>

Southern bight, Mar do Norte. Disponível em <https://en.wikipedia.org/wiki/Southern_Bight#/media/File:Locatie_Zuidelijke_Bocht.PNG>

Os nematódeos e seu papel ecológico nas cadeias tróficas bentônicas

A importância dos Nematoda como alimento, em ambiente marinho, pode ser subestimada devido à dificuldade de identificação, isso se deve pelos organismos já estarem digeridos por animais maiores, por exemplo, após 2 horas de ingestão os Nematoda estavam irreconhecíveis, enquanto os Copepoda apresentavam seus exoesqueletos ainda identificáveis após oito horas de ingestão por indivíduos juvenis da espécie Leiostomus xanthurus (Pisces) (Scholz et al. (1991)). Exemplo de um estudo sobre a biodiversidade de nematódeos marinhos (Fonsêca-Genevois et al., 2006). Ainda que a importância desses animais para a cadeia trófica pareça irrelevante, pois animais maiores “evitam” os nematoda, é incorreto afirmar isso. Pois a captura acidental desses seres, mesmo que os copepodas sejam as presas preferenciais, a contribuição energética dos nematodeos pode ser apreciável. Com isso confirmamos que os nematódeos tenham presença na cadeia trófica bêntica. Os nematódeos exercem, certamente, outros papéis importantes nos ecossistemas marinhos. Um deles é o de estimular o metabolismo bacteriano (Moens et al. 1999). Além disso, representam uma fonte energética nos sistemas bênticos, com uma influência importante e direta sobre a produtividade de águas rasas, ao facilitar a remineralização da matéria orgânica, aumentando assim, a regeneração de nutrientes nos sedimentos (Findlay & Tenore, 1982; Giere, 1993). A influência dos nematódeos, na textura do sedimento, também foi documentada e a produção extensiva de muco por esses animais, em grande densidade, certamente altera as características físicas dos sedimentos, o que pode ter significância para operações de bombeamento e escavações realizadas pela macrofauna (Platt & Warwick, 1980; Heip et al., 1985).

Os nematódeos marinhos e sua contribuição para a biodiversidade

Um levantamento recente indicou que o grupo apresenta cerca de 27 mil espécies conhecidas, estimando-se que o número de espécies a serem descritas possa ser próximo a um milhão (Hugot et al., 2001). Algumas estimativas indicam números menores (p. ex., 100 mil espécies) ou bastante superiores, como 100 milhões (Lambshead, 1993). Essa última estimativa, se confirmada, poderia retirar do subfilo Hexapoda o título de grupo com maior diversidade específica (Viglierchio, 1991). Algumas iniciativas importantes vêem sendo realizadas, como por exemplo, o estudo da Nematofauna da Bacia de Campos, sudeste do Brasil (Tabela 1). A partir desse único exemplo, pode-se perceber que o número de espécies novas a serem descritas é certamente, muito superior ao número de espécies já conhecidas.


Os nematódeos como indicadores da qualidade ambiental

A meiofauna e em especial os nematódeos, tem sido considerados excelentes indicadores de poluição, devido a fatores como a íntima associação com os sedimentos marinhos e altas diversidades e densidades (Coull & Chandler, 1992; Silva et al., 1997). Platt et al. (1984) afirmaram que “os nematódeos marinhos podem revelar a saúde dos oceanos - mas apenas se formos capazes de distinguir uma espécie de nematódeo de outra espécie”, isso demonstra que os estudos taxonômicos desse grupo no âmbito marinho é muito pouco explorada. Outros autores afirmam que a utilização de níveis taxonômicos superiores (acima de espécie) produzem uma resposta bastante eficiente (Herman & Heip, 1988; Warwick, 1988; Moore & Bett, 1989; Warwick, 1993). Somerfield & Clarke (1995) utilizaram diferentes níveis taxonômicos para determinar as respostas de comunidades de nematódeos marinhos à perturbações antrópicas. Estes autores observaram que os resultados obtidos com o uso de categorias superiores (p. ex., gêneros) são bastante semelhantes aos resultados encontrados quando usados os dados de espécies. Além disso, o uso de categorias não taxonômicas, como por exemplo, os tipos tróficos de Wieser (1953), apesar de mostrarem padrões diferentes daqueles observados para os níveis de gêneros e espécies, foram capazes de separar a estação que sofre o maior impacto das demais estações (Somerfield & Clarke, 1995). Bongers (1990) e Bongers et al.(1991), em estudos sobre a “qualidade ambiental” de habitats aquáticos, propuseram um índice indicador de perturbações baseado nas características da comunidade de nematódeos. Esse índice, denominado Índice de Maturidade (IM), tem como base a classificação de cada um dos táxons (espécies, gêneros ou famílias) em um valor chamado “c-p”, atribuído de acordo com a estratégia de vida do nematódeo, assim, tem-se valor “c-p” igual a “1”, que significa um colonizador extremo e, valor igual a “5’, que representa um persistente extremo. Usando estes valores “c-p” e a freqüência de cada táxon, calcula-se o índice de Maturidade (IM), conforme demonstrado abaixo: IM = Σ v(i).f(i) Onde i =1, v(i) é o valor “c-p” do taxon i e f(i) é a freqüência do mesmo táxon. Esses autores aplicaram esse índice para áreas sujeitas aos diferentes tipos de impactos (por óleo, matéria orgânica, contaminação por metais pesados, entre outros) e os resultados mostraram que o índice foi capaz de separar biótopos impactados e não impactados, assim como, separar habitats dulcícolas de marinhos e estações de águas rasas de profundas. Em locais impactados, o IM apresentou valores baixos quando comparados com os valores obtidos para áreas com pouco ou nenhum impacto (Bongers et al., 1991). Neilson et al. (1996) encontraram resultados também bastantes satisfatórias, ao aplicarem o Índice de Maturidade. No entanto, Medeiros (1997), ao aplicar esse índice para uma praia arenosa do litoral paulista, de baixa-energia e não poluída, questionou a eficiência do índice e apontou a necessidade de um aprimoramento do mesmo. Dentro desse intuito, o estabelecimento de valores classificatórios “c-p” mais confiáveis (fidedignos) para os diferentes táxons de nematódeos poderá levar a uma utilização mais segura desse método em estudos de avaliação e monitoramento de perturbações nos ambientes marinhos. Outra vantagem de utilizar a meiofauna (em especial, os nematódeos), em estudos de poluição, é a rapidez do ciclo biológico, o que reflete em um grande número de gerações ao ano (Silva et al., 1997). Assim, os nematódeos marinhos encontram-se, amplamente, utilizados como bioindicadores em estudos de laboratório, os quais demonstram o efeito de diferentes poluentes na comunidade nematofaunística através de experimentos de microcosmos (Austen, 1989; Widdicombe & Austen, 2001)

Considerações finais

Todas as evidências apontam que os nematódeos são fundamentais para o equilíbrio dos ecossistemas marinhos. Seja participando do fluxo energético do sistema bentônico, quanto sendo utilizado como indicador sensível à mudanças da qualidade do ambiente. Porém o seu baixo conhecimento taxonômico representa um grande desafio para total conhecimento da biodiversidade marinha desse grupo, sendo necessário um grande esforço cientifico para superar essa falta de dados e compreender os nematodas e suas relações no ambiente marinho. Referencias: ESTEVES, FONSECA-GENEVOIS 2006. Departamento de Zoologia, CCB UFPE – Cidade Universitária, Recife. Disponível em < http://s3.amazonaws.com/host-article-assets/floram/588e2214e710ab87018b4642/fulltext.pdf>.






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